Dor na prática de yoga

Maio 30, 2017

Texto de Catarina Mota

 

Durante as aulas, uma das minhas "funções" é motivar os alunos para que se desafiem e percebam que, muitas vezes, os limites que têm são mais mentais que físicos. Na prática de asana é muito comum ver alunos que se sentem derrotados antes mesmo de tentar executar alguma postura, ou desistirem facilmente ao menor sinal de esforço porque se deixam levar pelo pensamento: "não consigo".

 

Também é minha função garantir que pratiquem em segurança. Por isso, se às vezes "insisto" para que aguentem a permanência na postura ou para que tentem variações mais avançadas, também vou sempre relembrando que é essencial estar atento ao corpo, ouvir os seus sinais e respeitá-lo. Não é à força que conseguimos melhorar e evoluir na prática de asana. A máxima "no pain, no gain", muito utilizada na actividade física, não se aplica ao yoga. Na minha opinião, não se deveria aplicar a nenhuma actividade física, já que nos ensina que, sem sofrimento, não atingimos os objectivos. E não é bem assim.

Tem de haver um equilíbrio entre desistirmos ao primeiro sinal de esforço e permanecermos num ásana a todo o custo, mesmo que o corpo já esteja a dar sinais de que devemos parar.

 

Os extremos são fáceis. O equilíbrio é sempre mais difícil de alcançar e implica estarmos realmente presentes na prática e percebermos os sinais.

 

A dor é um desses sinais. Pode-se dizer que há dois tipos de dor: uma "positiva" e uma "negativa". A “positiva” nem considero que seja dor. É a sensação que temos quando estamos a alongar e sentimos os músculos a esticar, desde que não seja levada ao extremo, desde que respeitemos os limites do nosso corpo e alonguemos da maneira certa, produz uma sensação agradável.

A “negativa” é a dor que não tem nada de agradável! Quando estamos a praticar e sentimos dores agudas, como picadas, seja nos músculos ou no interior das articulações, nunca é bom. Pode ser um sintoma de alguma lesão ou pode ser devido a má execução do exercício. Em qualquer dos casos, devemos desfazer a postura imediatamente, relaxar um pouco e tentar de novo. Se a dor desaparecer, tudo bem. Se a dor persistir, não devemos insistir no exercício, pelo menos naquele momento.

 

Praticar com a atitude correcta é meio caminho andado para que a prática seja segura:

- atenção focada na prática

- auto-observação constante

- respiração consciente

- manter a serenidade e uma atitude de "não esforço", mesmo que o corpo esteja em esforço, interiormente

 

A verdadeira prática é a que fazemos por dentro. Se nos lembrarmos disso não damos tanta importância a executar a técnica a qualquer custo, como se estivéssemos numa competição.

 

Devagar se vai ao longe. Quando não temos pressa para chegar onde quer que seja e nos focamos em fazer o caminho da melhor forma possível acabamos por chegar mais depressa (onde quer que seja).

 

Quando não respeitamos o nosso corpo pela pressa de atingir alguma posição ou porque temos uma atitude competitiva, em relação aos colegas, ou até mesmo a nós próprios, etc, damos um passo para a frente e dois para trás. O corpo vai ficar dorido ou até mesmo lesionado, atrasando a nossa evolução. Se praticamos "devagar e sempre", respeitando os nossos limites do momento, cuidando do nosso corpo como se fosse o nosso bem mais precioso (será que não é mesmo?), não teremos problemas e estaremos no bom caminho para uma vida mais saudável.

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