Yoga Nidra

Novembro 1, 2017

Texto de Ivone Almeida

Quando perguntamos à Ivone como gostaria de ser apresentada, as suas palavras foram apenas: "digam que abracei o yoga e a vida com muita gratidão". Assim é a Ivone, uma pessoa muito especial e que escreve de uma forma especial.

 

 

Yoga Nidra, o “sono do yoga”: uma vivência de união profunda em que a consciência se situa entre a vigília e o sono, onde os sentidos e as percepções internas acordam e ganham mais acuidade. O corpo descansa, as emoções acalmam e a mente relaxa. Ficamos em paz, nesse estado de união que nos faz sentir inteiros.

 

Durante o tempo em que dura o exercício, o corpo físico relaxa progressivamente. E tão profundamente que a mente consegue acalmar e repousar numa sensação de tempo em pausa. Os pensamentos continuam lá, saltam de um lado para o outro, mas olhamos para eles de outra forma, com outra distância e mais tolerância. Até porque a consciência está “ocupada” com a descoberta de uma outra acuidade, de um outro grau de percepção. A descoberta da capacidade de sentir e de “ver” uma realidade nova, que se manifesta como se fosse uma história, uma cor, uma temperatura, um espaço difícil de definir. Os sentidos crescem, expandem-se e parece que entram numa outra dimensão onde o olhar capta um outro brilho e o ouvido uma outra vibração.

 

O corpo, cansado mas regenerado por uma prática física preparatória (ainda que curta), deixa-se relaxar em savasana (a posição de relaxamento) e, à medida que se vai desenrolando a rotação de consciência pelas várias partes do corpo e aprofundando a observação da respiração, do peso e da leveza do corpo físico, cresce uma outra sensação subtil, como se alguém cá dentro acordasse de um outro sono e viesse ocupar um espaço que lhe pertence. É uma sensação de calma e de reencontro que se vai aprofundando ao longo do exercício.

 

Entra-se num estado meditativo em que, por vezes, até a voz que nos conduz se funde com a nossa consciência. É como se estivesse também cá dentro e se transformasse num impulso interno que nos orienta na viagem.

 

Quando a indução do Sankalpa (resolução interior) nos “apanha” nesse estado de mergulho profundo em nós próprios, cresce também uma convicção que se apropria de nós. A intenção funde-se com a decisão e cresce como uma verdade forte, muito evidente e pacificadora. E as visualizações levam-nos a recantos da memória muitas vezes esquecidos. Nem todos pacíficos, nem todos agradáveis, mas todos verdadeiros. E com uma mensagem difícil de traduzir por palavras porque é sentida mais do que compreendida.

 

Às vezes, a “viagem” toma conta da consciência e é fácil perdermo-nos, isto é, é fácil perder a consciência do corpo físico, do “aqui” e do “agora” físicos, o local e o momento em que estamos. O espaço e o tempo transformam-se em outro “aqui” e outro “agora”. E nem sempre o regresso ao corpo é bem vindo… Apetece continuar a viajar pelos mundos invisíveis do inconsciente, absorver mais informação, descobrir novas paisagens, novos sentidos… Apetece descolar da voz que nos conduz e continuar por ali fora, um pouco sem rumo a ver o que acontece. Mas depois de “regressar”, ainda que com alguma nostalgia, o corpo e a mente agradecem porque se sentem integrados, frescos, renovados e, ao fim de algum tempo, capazes de uma atenção redobrada.

 

 

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