Yamas e Niyamas – Yoga na vida

Maio 30, 2017

Texto de Catarina Mota

 

Patañjali e o yoga clássico

Patañjali foi o codificador do yoga clássico e, apesar de não haver unanimidade quanto à data em que terá vivido, acredita-se que foi algures entre os séculos IV e II a.C.

Yoga Sutra é a obra de Patañjali, onde ele fala do Asthanga Yoga. Asht significa “oito”; anga significa “parte”, “membro”. Ashtanga Yoga é o “yoga em oito partes”, como foi codificado por Patáñjali, conhecido também como Yoga Clássico.

 

O yoga clássico, divide-se em oito partes (angas):

1 – disciplina (yama)

2 – autocontrole (niyama)

3 – posturas (asana)

4 – controle da respiração (pranayama)

5 – recolhimento dos sentidos (pratyahara)

6 – concentração (dharana)

7 – meditação (dhyana)

8 – iluminação (samadhi)

 

Yama, niyama, asana e pranayama constituem o aspecto externo do yoga (bahiranga), enquanto que dharana, dhyana e samadhi constituem o aspecto interno (antaranga).

 

Os dois primeiros passos são a parte ética do yoga, o yoga fora da sala de prática. Infelizmente, parecem não ter muita importância nos dias de hoje, nem na prática de yoga, nem na vida.

 

Os yamas e niyamas têm como objectivo a purificação do indivíduo a todos os níveis. Não são exclusivos do yoga mas são essenciais para o yoga. Sem eles, podemos conseguir dominar as técnicas de forma perfeita mas para que possamos caminhar na direcção certa, temos de os ter presentes e fazer deles a principal prática. 

 

Tendo em conta que a meta do yoga é a transcendência do ego, sem yama nem niyama, arriscamo-nos a usar o yoga para fortalecer o ego.

Yama

Controle, domínio, disciplinas éticas. Segundo Georg Feurstein, “juntas, elas constituem o maha-vratta, o grande voto, que, de acordo com o Yoga Sútra (2.31), deve ser posto em prática independentemente de lugar, tempo, circunstância e da posição social da pessoa. Essas atitudes morais têm a finalidade de pôr rédeas à nossa vida instintiva. A integridade moral é um pré-requisito essencial da prática bem sucedida do yoga”.

 

Ahimsa

Ahimsa é o princípio da não-violência. Não usar nenhum tipo de violência de acção, ou de pensamento. Não é à toa que ahimsa aparece em primeiro lugar, já que é a meta e o pilar de todos os yamas.

 

Satya

Verdade em todos os níveis: pensamentos, palavras e acções. Pensamento, sentimento e acção em sintonia. Só podemos ser verdadeiramente verdadeiros com os outros, se o formos connosco.

 

Asteya

Não roubar, não cobiçar ou invejar bens ou conquistas alheias.

 

Brahmacharya

Não desvirtuar a sexualidade. Uma das formas que mais gosto para definir este conceito nos dias de hoje, é ahimsa aplicada à sexualidade. Não desvirtuar a sexualidade, não usar o outro apenas para uma satisfação egoísta dos nossos desejos.

 

Aparigraha

Desapego, não possessão em relação a tudo, sejam bens materiais, sejam relações afectivas.

 

 

Niyama

Prescrições psicofísicas estão ligadas à vida interior do praticante. Os Yamas estão ligados à nossa relação harmoniosa com os outros e os niyamas têm a ver com a nossa relação com a vida.

 

Shauchan

Purificação interna e externa. Boa alimentação, hábitos de vida saudáveis, técnicas de limpeza do organismo, bem como pensamentos e emoções “limpos”.

 

Santosha

Santosha é o contentamento. Cultivar uma atitude positiva, alegre, tranquila, independentemente das circunstâncias externas.

 

Tapas

Esforço sobre si próprio, auto-superação. Há três tipos de tapas: o que se relaciona com o corpo (káyika), tapas da palavra (váchika) e da mente (mánasika). A não-violência, por exemplo, pode ser visto como tapas do corpo. Falar a verdade, não usar palavras que ofendam é um tapas da palavra. Desenvolver uma mente positiva e tranquila, apesar das circunstâncias, é um tipo de tapas mental.

 

Swadhyaya

Auto-estudo através da auto-observação constante e do estudo da metafísica do yoga.

 

Íshwara Pranidhana

Entrega da acção e dos seus frutos ao absoluto a uma ordem divina superior. Ou seja, fazermos o que temos a fazer e, de resto, “o que tiver de ser, será!”. Íshwara Pranidhana significa também agirmos sem esperarmos recompensas, servir o outro, servir a humanidade. Entrega ao Todo, desapego do resultado da acção.

 

 

 

Claro que, a não ser que sejamos santos, é muito difícil aplicá-los a todos na nossa vida. Mas convém lembrar que o caminho faz-se caminhando. Como diz o professor Pedro Kupfer e muito bem: “Talvez você possa concordar comigo em que discorrer sobre a ética é teoricamente muito interessante, mas impossível de aplicar-se na prática por seres humanos normais, porque os yamas e niyamas são para santos, mas o Yoga é para gente como nós. Na verdade, você não precisa seguir todos os yamas e niyamas ao mesmo tempo. Escolha apenas um e mantenha-o a qualquer preço. Os outros virão sozinhos”.

 

Só o facto de estarmos mais atentos aos yamas e niyamas já vai produzir bastantes mudanças na nossa postura, perante nós mesmos, os outros e a vida.

 

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