Rāma-navamī – O 9th dia lunar de Śrī Rāma

Abril 18, 2022

Rāma-navamī – O 9th dia lunar de Śrī Rāma

 

No 9º dia lunar a partir da lua nova, portanto, em śukla-pakṣa, nos quinze dias em que a lua fica mais brilhante, no mês de Caitra, entre Março e Abril, celebra-se por toda a Índia o nascimento de Śrī Rāma, um dos mais populares avatāras de Śrī Viṣṇu, a deidade responsável pela preservação e proteção do universo.

 

Diz-se que o nascimento dele foi há cerca de 5000 AC, em Ayodhya, Uttar Pradesh, no período do dia em que o Sol tem mais força, entre as 12h e as 13h horas.

 

Sendo descendente da dinastia Solar, era filho de Daśaratha, rei de Ayodhya e Kauśalyā. Tendo casado com Sītā, uma reencarnação da Devī, Śrī Rāma vê-se obrigado a abandonar a tomada de posse do reinado por força da vontade de seu pai, Daśaratha, que lhe pede para abandonar Ayodhya, momentos antes da tomada de posse.

 

Na realidade, Daśaratha viu-se obrigado a cumprir uma promessa feita no passado a Kaikeyī, sua segunda esposa e mãe de Bharata, irmão mais novo de Daśaratha. Ela, Kaikeyī, exigiu que Daśaratha cumprisse, naquele momento, a promessa que lhe tinha feito, que era realizar um desejo, fosse ele qual fosse. A razão da promessa de Daśaratha prende-se com o facto de querer reciprocar a ajuda que Kaikeyī lhe prestou no passado, tendo-lhe concedido um desejo, fosse este qual fosse. Portanto, Daśaratha passou um cheque em branco à sua segunda esposa.

 

Qual foi o desejo de Kaikeyī? Foi a coroação de Bharata, filho dela, em vez de Śrī Rāma, filho de Kauśalyā, a primeira esposa. Alguns poderão pensar que o rei poderia recusar satisfazer esse desejo e dizer a Kaikeyī que pedisse outro. Todavia, isso não era possível para um rei dharmico, cuja palavra era muito importante e que se via obrigado, por ser um kṣatriya, a cumprir com a sua palavra.

 

Na realidade, com a coroação de Bharata, o que Kaikeyī queria era ser a esposa mais importante de todas. Portanto, foi a avidez por reconhecimento, poder e fama que a fez proceder desse modo lamentável.

 

Assim sendo, com muito sofrimento, Daśaratha coroa Bharata, que se torna o rei. Porém, Bharata não queria ser rei e achava que o seu irmão é que era o rei justo, não somente pelas qualidade e virtudes que genuinamente possuía, que faziam dele um rei muito justo e um líder muito amado, mas porque o povo queria Śrī Rāma como rei.

 

Śrī Rāma, respeitando humildemente a decisão de seu pai parte para o exílio com Sītā, sua esposa e com Lakṣmaṇa, seu irmão mais novo, filho da terceira esposa de Daśaratha, chamada Sumitrā. Enquanto viviam na floresta, Sītā é raptada por Ravaṇa, um asura, que tinha muitos poderes sobrenaturais e os usava para o mal e para ganhar mais poder.

 

Śrī Rāma e Lakṣmaṇa, graças à incrível e corajosa ajuda do grande Hanumān, descobrem o paradeiro de Sītā, que estava refém em Lanka, o atual Shrilanka. A história diz que uma enorme batalha foi travada e que finalmente Śrī Rāma matou o demónio Ravaṇa e voltou com Sītā para finalmente governar Ayodhya.

 

A vida de Śrī Rāma pode ser conhecida pelas narrativas do grande poema épico escrito por Vālmīki, intitulado Rāmāyaṇa, as ayanas, “idas”, aventuras ou feitos, de Śrī Rāma.

 

Śrī Rāma inspira todos os seres humanos a conduzirem as suas vidas no sentido do dharma e da justiça, pois a sua própria vida foi um exemplo deles. Śrī Rāma era um exímio arqueiro que nunca falhava o alvo. Assim que ele se decidisse a soltar uma flecha, esta certamente iria acertar o alvo. A flecha é um indicador do karma que cada ser humano gera e que, inevitavelmente e infalivelmente, voltará a ele. Śrī Rāma é um avatāra de Viṣṇu, o Todo, o Absoluto, que é karmaphaladātṛ, o dador do resultado dos karmas. A flecha de Śrī Rāma indica isso mesmo, o karma que cada um irá ter.

 

Rāma era muito amado pelo povo pelas suas qualidades de liderança, pela sua justiça e pelo amor genuíno que tinha ao povo e à humanidade. Por isso mesmo é um modelo de liderança, um modelo para todos nós seguirmos.

 

A palavra Rāma é muito bonita e, para terminar, deixo aqui a sua derivação em Sânscrito para que possas apreciar a sua beleza:

 

यस्मिन् अनन्ते नित्यानन्दे चिदात्मनि योगिनः रमन्ते इति रामः ।

yasmin anante nityānande cidātmani yoginaḥ ramante iti rāmaḥ |

“A infinitude, a felicidade ilimitada, que é o Eu-Consciência, no qual os Yogins residem é Rāma”

Rāma é a Verdadeira Natureza, o Eu Ilimitado, o objeto de meditação espontânea dos Yogins.

 

 

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